La Mujer Salvage é um filme cubano e não somente de Cuba. Esse é seu maior mérito, ser muito cubano. A dúvida a rondá-lo é se é cubano por uma força bruta da autenticidade cultural ou se por uma consciência oportunista do que se supõe ser autenticamente cubano em cinema. O filme tem atritos físicos, ambientes degradados, uma mulher em estado de penúria existencial, vozes gritadas. Ela alterna momentos nos quais foge de algo e se esconde de algum olhar com outros nos quais entra em confronto com quem a repudia. A busca de um filho pré-adolescente está no centro mobilizador da personagem. Ela é quase só ação, sem respiro, como nas primeiras ficções dos Dardenne, no começo dos anos 2000, mas sem a câmera taquicárdica.
O filme marca a estreia em longa metragem do diretor Alan González, formado na Escola de Santo Antônio de los Baños, em Cuba, e foi viabilizado pela segunda edição do Fundo de Fomento do Cinema Cubano (FFCC), criado em 2019, com filmagens durante uma parte do período pandêmico, o que explica as máscaras nos rostos de alguns personagens em determinadas cenas. Sua estreia mundial aconteceu com premiação no Festival de Toronto, ao qual seguiram passagens por festivais europeus e latino americanos, como os de Málaga, Miami, Chicago, Bafici (Buenos Aires), Costa Rica e obviamente Havana. Também foi exibido e premiado no Cine Ceará
Comments